May 18, 2011

Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes



No Dia Internacional dos Museus uma pequena nota para relembrar a existência de um museu que pode ser visitado todos os dias, a qualquer hora: Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes.


Contrariando deliberadamente as ordens recebidas, Aristides de Sousa Mendes logo a 21 de Novembro de 1939, emitiu um visto ao judeu austríaco Arnold Wiznitzer. De seguida interessou-se pelo caso do também austríaco Norbert Gingold. Para além de lhe atribuir um visto deslocou-se pessoalmente ao campo de concentração de Libourne, nos arredores de Bordéus, onde o conceituado pianista se encontrava detido para tentar negociar a sua libertação com o oficial encarregue do campo. Este mostrou-se disposto a libertar o austríaco apenas no caso do visto conduzir Gingold para fora de Europa.

O cônsul continuou a desobedecer às ordens dos seus superiores. Em Abril de 1940, emitiu novo visto que viria a levantar polémica. Desta vez, o visado era Eduardo Neira Laporte, médico e antigo professor na Universidade de Barcelona que estivera ao lado dos republicanos durante a Guerra Civil espanhola. Face às ilegalidades praticadas, Aristides de Sousa Mendes, que se assumia como anti-nazi, recebeu várias admoestações oficiais, sendo-lhe mesmo comunicado que se persistisse em tais actos teria de ser submetido a um processo disciplinar. Em vão, escreveu para Lisboa, tentando justificar os seus actos.

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Lisboa era um dos destinos mais apetecíveis da Europa da época. O seu porto, para quem se recorda do final do filme Casablanca, era dos únicos do continente que assegurava ligações mais ou menos regulares com as Américas e África. Para ali chegar era necessário obter um visto de trânsito português. Tal documento tornava possível a obtenção de um visto de saída francês e um visto de trânsito espanhol.

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Entre 17 e 19 de Junho, Aristides de Sousa Mendes emitiu milhares de vistos, tarefa para a qual recebeu a ajuda do genro Jules d`Aout, do filho José de Sousa Mendes, do secretário José Seabra e do rabino Chaim Krueger que se encarregou de espalhar a notícia pela cidade de que o cônsul português passaria vistos a todos os que o solicitassem. Fosse pelo fervoroso sentimento católico que o assaltava, por sofrer de algum complexo messiânico, pelo seu espírito anti-nazi, por simples razões humanitárias, pela consciência da inconstitucionalidade das ordens dos seus superiores ou por ter percebido o que se iria seguir, Aristides de Sousa Mendes queria ajudar todos os que pudesse até porque a situação política e humanitária piorava em França de dia para dia.

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Entre os milhares de judeus e não judeus, personalidades conhecidas ou simples anónimos, salvos pelos vistos, havia pessoas de todas as condições. Dos mais ricos e influentes destacavam-se alguns membros da família judaica Rothschild de origem francesa (Édouard, Henri e Robert). Entre os não judeus encontravam-se os membros da família Habsburgo, perseguidos politicamente na Áustria, bem como a sua comitiva. Também a grã-duquesa Charlotte do Luxemburgo, sua família e algumas figuras do governo luxemburguês que a acompanhavam procuraram Aristides de Sousa Mendes. Albert de Vleesschauwer, administrador-geral do Congo Belga e do Ruanda-Burundi, cuja família foi acolhida mais tarde na casa de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas do Viriato; os ministros belgas Paul van Zeeland e Marcel-Henri Jaspar e a escritora Gisèle Quittner Allotini também passaram a fronteira com vistos de Aristides de Sousa Mendes. Da mesma forma, a título de exemplo, foram salvas famílias inteiras como os Gingold, os Montezinos, os Krueger, os Bromberg, os Spett, os Oulmont, os Korngold, entre outras, conforme se pode constatar pelo Livro de Registos dos visto do consulado português de Bordéus.

in BIOGRAFIA DE ARISTIDES DE SOUSA MENDES


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